Os principais assuntos que norteiam o mercado de energia elétrica foram debatidos por executivos e especialistas durante o segundo dia do EAML, realizado na Costa do Sauipe, Bahia. O primeiro painel apresentou a missão internacional da Abraceel ao Texas, que há mais de 20 anos conta com um mercado de energia aberto, composto por 200 comercializadoras varejistas, sendo que 15 delas são responsáveis por 90% do mercado.

Os palestrantes destacaram a resposta da demanda para o bom funcionamento do setor elétrico, em razão da possibilidade de fazer ajustes e administrar o pico de carga. Daniela Alcaro, Head de Originação da Stima Energia, citou o exemplo dos medidores remotos, que fazem a gestão da carga de acordo com o perfil do consumidor.

Fabiano Fuga, Diretor de Comercialização da EDF Renewables Brasil, ressaltou o papel do comercializador varejista como facilitador dos trâmites de migração para o mercado livre, além de absorver boa parte dos riscos associados ao ambiente.

Na segunda plenária, especialistas pontuaram os desafios a serem superados para a migração de novos consumidores para o ACL. Entre eles, a clareza dos contratos, a adequação de medidores e a transparência de dados. “É fundamental estabelecer regras bem definidas para que todos saibam qual o seu papel dentro da cadeia”, disse Felipe Calabria, da ANEEL.

O conselheiro da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, Marcelo Loureiro, afirmou que apesar do processo de medição funcionar bem para o atacado, ele ainda precisa de ajustes para se tornar viável no varejo.

A tarde de debates teve início com o Meetup “Monitoramento Prudential”, conduzido por Helen Apolinário, Gerente de Segurança do Mercado da CCE, que compartilhou suas percepções sobre a ferramenta que vem ganhando destaque com a aproximação da abertura do mercado livre para os consumidores de alta tensão.

O novo perfil de preços e a baixa volatilidade também estiveram à mesa do debate. Mateus Cavaliere, Head of Market Intelligence da PSR, disse que essa dinâmica deverá permanecer mesmo frente a um cenário de escassez hídrica, em razão da diversificação da matriz energética brasileira, com o aumento da participação de eólicas e solares.

Segundo Rodrigo Sacchi, Gerente Executivo da CCEE, quando hidrelétricas eram a principal fonte de energia do país, a carga era o drive de preço. Hoje, a expectativa de geração renovável intermitente e a declaração de inflexibilidade que ditam as regras do mercado.

Em seguida foi a vez do Superintendente de Produtos, Comunicação e Marketing da BBCE​, Marcelo Bianchini, explicar que a alta onda de calor que atingiu o Brasil nos últimos meses, levou a picos de preços, descolando o PDL do piso regulatório, em reflexo a alto consumo de energia elétrica. Para comprovar sua percepção, o executivo trouxe os números de outubro e novembro, que demonstram a redução do alongamento do prazo.

O último encontro do dia, também realizado em formato Meetup, avaliou as perspectivas das PPAs no ACL, diante do incremento das energias renováveis. Marília Rabassa, Diretora de Estratégia Financeira da CELA e José Carlos Reis, Diretor de comercialização da AES, deram um overview das principais características dos PPAs assinados no mercado livre e discutiram tendências relativas a modelos de negócios mais praticados. “Abordamos todas as características dessas PPAs e como elas têm mudado as formas de contratação nos últimos anos. Tentamos trocar experiências com os participantes sobre como irão se comportar no futuro, tendo em vista as mudanças do setor elétrico”, disse a executiva.