O Encontro Anual do Mercado Livre 2023 reuniu, do dia 29 de novembro a 1 de dezembro, os principais agentes e representantes do setor elétrico brasileiro, em um evento exclusivo realizado na Costa do Sauipe (BA), que contou com uma programação repleta de conteúdo, experiências e networking. Cerca de 300 pessoas ouviram as análises de 27 painelistas, em seis mesas temáticas que abordaram pontos fundamentais sob ponto de vista regulatório, econômico e de governança. 

O primeiro dia da 15ª edição do EAML foi marcado pelas discussões em torno das emendas ao PL das eólicas offshore, que incluíam a contratação de térmicas a gás natural e a suspensão da abertura de mercado livre em 2024, já retirada do documento. Durante a cerimônia de abertura, o Diretor do Portfólio de Infraestrutura da Informa Markets Latam, Hermano do Amaral Pinto Jr, agradeceu a participação de todos e destacou as oportunidades e desafios da abertura de mercado. Em seguida, foi exibido um vídeo com a mensagem do Presidente Executivo da Abraceel, Rodrigo Ferreira, que estava em Brasília “em defesa dos interesses do setor elétrico diante do marco legal das eólicas offshore”.

Outro ponto amplamente debatido foram as mudanças lideradas por instituições setoriais para assegurar a competividade no mercado livre. Sandoval Feitosa, Diretor Geral da Aneel, destacou a reestruturação da Agência para se adaptar a esse novo ciclo do mercado, com a criação da Superintendência de Serviços de Geração e Mercado. Já Marcelo Loureiro, Conselheiro de Administração da CCEE, afirmou que a entidade está preparada para a migração dos consumidores a partir do próximo ano e refletiu o sobre o papel da governança dos diferentes agentes do mercado.

Os desafios a serem superados para a migração de novos consumidores para o modelo varejista foi tônica do segundo dia de debates.  A primeira sessão apresentou a experiência internacional da Abraceel ao Texas, que há mais de 20 anos conta com um mercado de energia aberto. Para os especialistas, a resposta da demanda é essencial para administrar o pico de carga e promover eventuais ajustes.

Na segunda plenária trouxe como tema a simplificação da abertura de mercado. Entre os principais aspectos, foram apontados a clareza dos contratos, a adequação do sistema de medição e a transparência de dados. “É fundamental estabelecer regras bem definidas para que todos saibam qual o seu papel dentro da cadeia”, disse Felipe Calabria, da ANEEL.

A nova dinâmica de preços da energia e sua baixa volatilidade estiveram à mesa do último debate do dia. De acordo com Mateus Cavaliere, Head of Market Intelligence da PSR, a dinâmica deverá permanecer mesmo frente um cenário de escassez hídrica, em razão da diversificação da matriz energética brasileira.  Rodrigo Sacchi, Gerente Executivo da CCEE, explica que houve uma mudança no drive de preço, que antes era determinado pela carga, hoje é definido pela expectativa de geração renovável intermitente e a declaração de inflexibilidade.

MeetUps: formato intimista de interação

Sucesso na edição anterior, a programação deste ano contou mais uma vez com os chamados MeetUps, proposta de encontro intimista, para grupos de até 40 participantes. O formato permite maior aproximação entre o público e os palestrantes, proporcionando oportunidades de interação e networking. Os encontros aconteceram durante a tarde do segundo dia do evento, em dois horários: às 14h e às 16h30.

No primeiro, Helen Apolinário, Gerente de Segurança do Mercado, da CCEE, apresentou as percepções do primeiro mês de operação do Monitoramento Prudential, ferramenta que permite antecipar e mitigar riscos associados a eventuais inadimplências. No segundo fórum, Marília Rabassa, da CELA; e José Carlos Reis, Diretor de comercialização da AES, avaliaram as perspectivas das PPAs no ACL para projetos renováveis. “Trocamos experiências com os participantes sobre como essas PPAs irão se comportar no futuro, tendo em vista as mudanças no setor elétrico”, disse a executiva.

Transição energética encerrou o ciclo de debates

 A transição energética e o futuro do mercado de energia elétrica no Brasil estiveram na pauta do último dia do 15º EAML, em um fórum que contou com a presença de um time de C-Levels. Sergio Romani Genial, CEO da Genial Energy, disse que o momento é propicio “para pensar nos rumos do setor para os próximos anos”. Já o Vice-presidente de Regulação e Relações Institucionais da Eletrobras​, Rodrigo Limp, destacou que o evento demonstra a maturidade do mercado livre no país, e que a sua abertura contribuirá para a sua segurança energética do sistema, junto com os leilões de capacidade.

Ao final, os palestrantes fizeram considerações sobre o papel do Brasil nna energética, indicando oportunidades para o surgimento de novos produtos, capazes que colocar o país na liderança deste processo.

Às vésperas da maior mudança no mercado nacional de energia elétrica, a 15ª edição do EAML representou uma virada de chave para o futuro do setor no Brasil. Com análises detalhadas e discussões de alto nível, o evento contribuiu de forma efetiva para a reforma estrutural do mercado, que colocará o consumidor como protagonista, livre para decidir seus próprios rumos e se beneficiar de uma energia mais barata e competitiva.